Pescar é enfrentar saudáveis desafios, é fazer amizades, é conhecer novos lugares e abrir novos horizontes. É conviver com a natureza. É ser companheiro.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

O coração dos peixes

Os peixes possuem um coração relativamente primitivo.

Trata-se de um coração tubular em “S” que apresenta quatro cavidades de contracção sequenciais: o seio venoso, o átrio, o ventrículo e o bulbo. O seio venoso tem a parede fina e recebe o sangue vindo das veias sistêmicas que o direcciona para o átrio através das válvulas sino-atriais. O átrio, também de parede fina, está posicionado sobre o ventrículo e tem uma válvula na saída. O ventrículo, de paredes espessas, é responsável pela propulsão do sangue para o bulbo arterial (de formato triangular) e para a parede muscular.


O tubo seqüencial que é o coração dos peixes bombeia sangue saturado de dióxido de carbono num fluxo único para a região anterior do animal. Como os peixes têm respiração branquial, o arco aórtico gera ramos branquiais que conduzem o sangue pobre em oxigênio do bulbo arterial para as brânquias e daí é drenado para a aorta dorsal sendo então distribuído pelo corpo do animal. 


A circulação nos peixes é bastante parecida com a dos outros vertebrados de circulação fechada. O coração bombeia o sangue para a aorta ventral, que o distribui para os vasos aferentes das brânquias. O sangue passa pelas brânquias, onde ocorre grande queda da pressão devido à resistência dos capilares branquiais, e termina na aorta dorsal, que distribui o sangue para os diferentes tecidos sistêmicos. Após passar pelos capilares sistêmicos, o sangue retorna ao coração pelas veias. 


O tamanho e o desempenho do coração estão relacionados com o quão fisicamente activos os peixes são. Espécies relativamente inactivas e lentas tendem a ter corações pequenos e débito cardíaco baixo, enquanto espécies ativas tendem a ter corações grandes e alto débito cardíaco.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

A ÂNCORA E A BÓIA DE ARINQUE

A âncora (ferro) de uma embarcação, para além de ser utilizada para fundear num determinado local, para se pescar, tomar uns banhos ou simplesmente para uns momentos de descanso, é uma peça fundamental para situações de emergência, nomeadamente nos casos de avaria do motor, evitando que se fique à deriva ou que se seja arrastado para situações muito perigosas. A existência de dois ferros disponíveis e em boas condições a bordo é sempre recomendável, por razões evidentes.
Tipos de âncoras

Para que o ferro se mantenha numa posição ideal, de modo a que se enterre facilmente, deverá estar ligado a uma corrente, normalmente de tamanho nunca inferior ao comprimento da embarcação, que, com o seu peso, o obriga a permanecer deitado, proporcionando ainda um efeito de amortecedor que minimiza os movimentos provocados pela agitação das águas.


Na manobra de fundear, o ferro nunca deve ser atirado mas sim descido até tocar o fundo, soltando-se depois a amarra, devagar, de modo a facilitar o unhar no fundo. A descida do ferro deve ser sempre feita à proa da embarcação por um tripulante, evitando-se que seja quem está a manobrar o barco e tendo-se atenção a que não haja qualquer entrave ao desenrolar do cabo.

Atenção ao soltar a amarra


Com bom tempo e um fundo normal deve largar-se 3 a 5 vezes mais cabo que a profundidade no local (com a maré em preia-mar) – com mar mais “rijo” aumenta-se para 5 a 7 vezes.
Depois de fundeado e o cabo amarrado ao cunho, deve ter-se atenção, através de referências fixas na costa, se o barco garra (descai), para que não ocorram situações desagradáveis e perigosas.



A bóia de Arinque, também conhecida por balão ou bolona, para além de assinalar o local onde está o ferro, evita a perda de âncoras. Trata-se de um 2º cabo (cabo do arinque) que é preso à cruz da âncora, ao contrário do cabo principal que é preso ao olhal da sua haste. Na extremidade do cabo do arinque é colocada uma bóia, que marca a sua posição. Desta forma, sempre que não se consegue recolher o ferro com o cabo principal, utiliza-se o cabo do arinque, o que, na maioria das vezes, resolve o problema do ferro preso. O comprimento do cabo do arinque deve ser sempre um pouco superior à profundidade do local de fundeio (1 + 1/3).

terça-feira, 21 de março de 2023

Porcos filhos da puta na pesca e na vida



Seres ou indivíduos que se distinguem dos restantes pelo carácter específico que só a eles é comum: filho da puta.

O porco filho da puta existe e encontra-se em todos os sítios e em todos os ambientes. Aliás, todos conhecemos um ou mais filhos da puta ! Do pouco que se sabe acerca dele, de como a sua roupa e a sua figura não bastam para o definir, restam alguns traços que o caracterizam - os seus gostos e lugares preferidos, as suas grandes especializações, o seu sistema de entreajuda, perguntas que faz, a sua sempre escondida vida particular, a sua casa lar como lugar excelso, os seus modos de recreio e diversão, os seus tiques e aspectos anedóticos, os seus temores e receios, enfim, de como é, acima de tudo, um filho da puta. A grande dúvida que ainda existe em relação ao porco filho da puta é se ele já nasce filho da puta ou se a vida é que o faz...  

Pois, o filho da puta também pesca. Encontramo-lo por aí, sózinho ou em grupos de que apenas faz parte por pouco tempo, com a cana na mão. Digo que apenas faz parte por pouco tempo porque é breve o espaço temporal que o grupo leva a descobrir que por lá paira um filho da puta e, tal como a uma purulenta borbulha, procede à sua excisão, normalmente de forma gradual e pouco notada, até que o próprio filho da puta já não tenha coragem de voltar, pois sabe que já o toparam...  ~

O filho da puta nunca se define à primeira vista - esta é, aliás, uma das suas principais características. À primeira vista, o filho da puta faz tudo para mostrar a disponibilidade que acha própria, e ocultar a própria indisponibilidade. À primeira vista, o filho da puta diz quase sempre que está bem, que "se vai ver", o filho da puta é quase sempre assim, sim senhor. É só depois, às vezes muito depois, que o filho da puta, por vocação superior e para constar, diz que "não, não senhor", e mostra que não está na disposição: nem de viver nem de deixar viver. Por isso, ele, o filho da puta, ocupa-se e preocupa-se sobretudo com os outros, e uma das coisas que mais o ocupa e preocupa é a despreocupação dos outros, e essa é a segunda das suas principais características. Até se pode dizer que nada preocupa tanto o filho da puta como a despreocupação dos outros, que nada o incomoda tanto, nada o perturba de tal modo como a despreocupação dos outros. Ele, o filho da puta, tem por máxima preocupação construir toda a espécie de mais valias, e assim ocupa a vida com essa preocupação, isto é, ocupa a vida ocupando-se com o modo de conseguir sempre o que mais valia, sacrificando-se para conseguir sempre o que mais vale. 

O porco filho da puta não gosta de viver, mas gosta de reviver, gosta mais de reviver que de viver, e assim ocupa grande parte do seu tempo. Deste modo se entende que seja sempre imensa a saudade que ele, o porco filho da puta, tem do passado, imenso o seu desejo de ambição de regressar (se possível) ao estado embrional, esse estado em que ia para todos os lugares sem chegar a sair do mesmo lugar.  

Na pesca, o filho da puta quer sempre pescar mais que os outros, seja lá como for. Se alguém apanha algum peixe, o filho da puta logo a ele se encosta para pescar no mesmo lugar e vai apertando, sem quaisquer contemplações, até que o outro se afaste. Se estiver longe irá lançar exactamente para a frente do outro, de modo a incomodá-lo... Quando não apanha nada é porque é um tipo com azar, porque os outros ficaram como abrir uma loja virtual nos melhores locais e tinham melhor isco - para o porco filho da puta cada pescaria é um concurso - e se fica mal "classificado" não consegue esconder o mau humor e a filha da putice que o envenena. é nesta altura que deixa de se controlar e não consegue evitar o focinho coberto de ódio contra tudo e todos.  

Para o porco filho da puta a captura de espécies que não irá aproveitar para a mesa é a forma de vingança contra o mundo e contra os outros - e os pontapés, pisadelas e outras formas de crueldade contra o desgraçado do peixe surgem, incontroláveis, proporcionando um sorriso escondido e um acalmar imediato, mas por pouco tempo, dos recalcamentos e do ódio latente nas suas entranhas...  Lançar lixo à água ou deixá-lo nos pesqueiros é um dos gozos supremos do porco filho da puta na pesca - saber que quem vier a seguir vai encontrar toda a merda que lá deixou, e que contribuíu com mais algum lixo para a poluição das águas fá-lo sentir-se importante - e o prazer de saber que incomodará os outros leva-o a um êxtase indescritível, já que ele vive basicamente para lixar a vida aos outros.  

O porco filho da puta utiliza material de pesca barato - porquê que iria dar uma pipa de massa por uma boa cana ou carreto? Porquê gastar dinheiro nestas merdas, encher o cú a esses chulos das casas de pesca? Nem pensar!!! Ele é um gajo com azar e o dinheiro faz-lhe muita falta...  A técnica do porco filho da puta muda de época para época e de lugar para lugar. A felicidade e o gosto pela vida que os outros manifestam é incompreensível para si - porque é que os outros não têm tanto azar como ele? Que mal é que ele, grande porco filho da puta, fez, para ter tanto azar????  

Há filhos da puta vocacionados para fazer e filhos da puta vocacionados para não deixar fazer, e estes são os dois tipos universais e eternos do filho da puta. Há, naturalmente, subtipos e especializações funcionais com funções especiais: modos de fazer, ou de fingir não fazer e deixar fazer; no entanto, quer os dois tipos, quer os vários subtipos de filhos da puta, todos eles são primariamente e acima de tudo filhos da puta e disso estão todos bem conscientes. É por isso que nem sempre podemos e devemos delimitar rigidamente estes tipos, dado que eles são flexíveis e se entrecruzam e interpenetram.  

Apesar de tudo, sim, apesar de tudo o porco filho da puta está relativamente contente consigo. Está preocupado com a vida dos outros e descontente com a vida em geral, mas relativamente contente consigo. O filho da puta acha sempre que tirou o melhor partido do mau partido que foi ter nascido, e do péssimo partido que é viver. O filho da puta consola-se muito com o infortúnio dos outros, com a crise dos outros, com a doença dos outros. Os outros também estão em crise, os outros não passam melhor, os outros não fizeram melhor, os outros também perderam, "lixaram-se", "quilharam-se", diz o porco filho da puta exultante. Nada atrai mais o porco filho da puta, nada o consola tanto como o relato da doença ou da crise que assola os outros.  Enfim, o porco filho da puta só se sente feliz com a infelicidade dos outros. 

Mas morre de muitas maneiras - geralmente da doença que o envenenou toda a vida e que, como ponto máximo da sua carreira, lhe proporciona um final com muito brio, mas atroz sofrimento. O porco filho da puta morre sózinho!   

Um abraço para todos, mesmo para os filhos da puta.



sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

terça-feira, 18 de outubro de 2022

A CORVINA AMERICANA (RAINHA)

A corvina americana ou corvinata real (Cynoscion regalis) é uma espécie invasora, originária do Oeste do Oceano Atlântico e tem ocorrido em vários locais ao longo da costa atlântica da Península Ibérica. Em 2016, foi detetada pela primeira vez no Algarve, especificamente no estuário do Guadiana e está agora espalhada por toda a costa portuguesa, sendo encontrada com frequência nos estuários do Sado e Tejo (nestes há relatos de capturas desde 2013). Clique aqui para saber mais ...

terça-feira, 5 de julho de 2022

A REGULAÇÃO DO DRAG

COMO REGULAR O DRAG

Coisa que todos os pescadores fazem é a regulação do drag, embraiagem ou travão dos seus carretos. Mas quando se pergunta a alguém como é que tem o drag regulado, para além de se notar um desconforto evidente, a resposta é invariavelmente, meio aberto, meio fechado, um bocadinho aberto, etc. 

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sexta-feira, 1 de julho de 2022

domingo, 5 de junho de 2022

O POLVO COMUM

Comum na costa portuguesa, com um corpo curto e flácido, pois, ao contrário de outras espécies mais ou menos semelhantes, não possui esqueleto rígido (concha interna, como a lula ou o choco).  O corpo possui um manto largo, sem barbatanas, com oito tentáculos (braços) cinco a seis vezes maiores que o corpo - os tentáculos são cobertos de ventosas na superfície interna e tem a particularidade de conseguir mudar de cor para se confundir com o ambiente.

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terça-feira, 24 de maio de 2022

INTERPRETAR O WINDGURU

Por vezes ouvimos um pescador dizer: “o Windguru previa ondas de 5 metros, mas nem 2 têm”. Daí o pescador conclui que o site consultado errou, e que não terá qualidade nas previsões. As coisas não são bem assim. 

O Windguru tem,  naturalmente,  algumas falhas, que podem ser ultrapassadas se soubermos interpretar correctamente as suas previsões. É exactamente isso que vou procurar transmitir neste artigo, com base na minha experiência de alguns anos de acompanhamento e observação directa do site, e do estado do mar em diferentes zonas do país, isto para além de alguma pesquisa científica sobre ondas e a respectiva propagação. 

Antes de se passar a uma análise da página do Windguru, é essencial compreender os fenómenos naturais presentes ...

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