Pescar é enfrentar saudáveis desafios, é fazer amizades, é conhecer novos lugares e abrir novos horizontes. É conviver com a natureza. É ser companheiro.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

NOVEMBRO NA COSTA VICENTINA

Fui passar uns dias até ao Rogil, em Aljezur, e como não podia deixar de ser tinha de ir ao mar tentar a minha sorte. Deixo aqui um relato do que se passou, complementado por algumas fotos.

5 DE NOVEMBRO

Abalei às 5:45 de Lisboa rumo ao Rogil. Depois de lá chegar e ir aviar algum material de que precisava, fui directo a Odeceixe apanhar uns caranguejos e mexilhões para iscar. Os caranguejos eram poucos e estavam escondidos, mas ainda apanhei uns 15. O mar era forte e a previsão era semelhante para toda a semana, pelo que tinha fé que o caranguejo desse algum sargo valente ou mesmo um robalo.


Com o isco desenrascado, fui até um pesqueiro fazer as últimas horas da enchente e um pouco da vazante. Um pesqueiro muito pouco fundo (1 a 2 m de profundidade com mar cheio) que já me deu alguns chibos mas também excelentes pescarias de sargos, quando vão comer ali em cima do laredo, em marés vivas e mar mexido, como era o caso neste dia.


Estava com fé no caranguejo, a primeira iscada foi inteiro e tudo. Para minha supresa, em menos de um minuto senti um toque bom e lá veio o anzol mas caranguejo nem vê-lo... bom sinal, só peixe bom se faz assim a um caranguejo inteiro! Na segunda iscada igual, e ainda em menos tempo aconteceu o mesmo. Mau, assim já não estou a gostar. Depois disto, os toques com caranguejo desapareceram. 

Experimentei com mexilhão, e nada lá ia comer. Já estava mentalizado num chibo, quando um toque bom no mexilhão me acordou da letargia e, desta vez, consegui ferrá-lo e trazer um bom sargo, entre 400 a 500grs. Ainda tentei enganar outro, mas não tive sorte. Bem, já tenho o meu jantar. Já não preciso de ir ao supermercado e consolei-me com esse pensamento.


6 DE NOVEMBRO

Era o dia em que se previa mar mais manso, ou menos forte. Era o único dia, tendo em conta que a maré era ainda grande, em que podia tentar a minha sorte numa "semi-ilhada", mas pelo caminho vi que o mar ainda tinha força.

O objectivo era ir até estas pedras que muitas alegrias e alguns matateus já me ofereceram. No novo pesqueiro, o mar tinha muita força. Tinha que pescar com uma chumbadinha de 20grs porque ali, mais pesado, era sinónimo de chumbada presa. Tentava sempre esperar os raros intervalos em que o mar acalmava, e quando conseguia, sentia peixe. Numa dessas ocasiões ferrei um sargo com mexilhão. Entretanto, como a a maré subia, ainda tentei a sorte noutro local ao lado, mas nem um toque senti.






7 DE NOVEMBRO

Fui apanhar mais uns mexilhões, mas também comprei alguma sardinha. Esperava um mar mais bravo ainda, mas quando cheguei ao pesqueiro, não estava bravo. Estava bruto mesmo!


O local escolhido adequa-se a este tipo de mar, pelo que fui com alguma expectativa. Esperei um pouco que o mar enchesse, pois ainda seria muito difícil tirar um peixe caso ferrasse um, com muitos rebolos à mostra pelo caminho. Quando os condições melhoraram, comecei a pescar. Comecei a sentir toques, mas não os conseguia ferrar. Estava com um anzol 2/0. À quarta ou quinta tentativa consegui um sargo de palmo, claramente com medida legal, mas não da minha medida., que voltou para o mar. Fiquei desiludido. Então é isto que anda aqui? Com um mar destes? Mas tinha de continuar a tentar.



No meio dos toques e de outro sargo que foi devolvido, apareceram 2 sargos bons (cerca de 400 grs) que foram comigo para casa. E ainda um polvo pequeno que trouxe comigo porque sei que o polvo é um excelente isco com mares fortes, e só não o tinha utilizado antes porque não tinha!



8, 9, 10 e 11 DE NOVEMBRO


No dia 8 chegou o meu tio, já não fui sozinho. Com a maré baixa decidimos ir até umas pedras mais dentro do mar. O mar continuava muito forte, mas menos que no dia anterior. Mesmo assim, pescava-se ali muito mal. E como as águas eram feias, muito tapadas. Mexilhão nem vale pena usar, se enganar algum só com sardinha, pensei eu. Mesmo assim não senti um toque nas duas horas que ali estivemos. 

Mas há coisas para contar. A uma dada altura chega-se o meu tio ao pé de mim: Já não é grade! Consegues adivinhar o que apanhei?". Eu tentei adivinhar: "Sei lá, uma salema? um bodião?". Era uma moreia - não era grande, mas como se enrolou toda na linha, ia morrer e por isso a trouxemos, e serviu ainda umas boas postas para fritar. E o meio, como que por milagre, o meu tio ainda apanhou um belo sargo, com umas 800 g, com sardinha. Ainda fomos tentar a sorte da baía com o mar cheio - um toque aqui e ali, mas nada de especial. Hoje é que é levo um chibo, pensava. Mas não aconteceu. Uma viúva, e grande (para viúva), salvou-me disso - em surfcasting, com o mar assim. Quem diria?

O Mar subiu de novo. Era maluco outra vez! Para piorar a situação, vento, muito vento de norte. Frio. Águas tapadas. Belas condições para um chibo! 

Mas ambos nos safámos com 1 sargo cada um, dos bons, com sardinha., no dia 9.


Depois de um descanso no dia 10, no dia 11 decidimos arriscar um local que não conhecemos bem. O mar era mais manso, mas ainda vinham de vez em quando alguns enchios. Águas feias e alguma nortada.

Com o mar cheio, um surfcasting onde eu apenas senti 2 toques. O meu tio aí teve a sorte toda. Apanhou um belo sargo quase tirado a ferros (cerca de 800 grs) e outros 2 com umas 400. Quando a maré vazou fomos para as rochas. Chegámos a um pesqueiro que me pareceu promissor, depois de uma hora a explorar e encontrar os melhores caminhos, por entre regos, fundões, rebolos e rochas inclinadas. Andava-se muito mal ali. Comecei a pescar, só com sardinha, e senti um toque imediato, com a ferragem desta vez a resultar. Até que enfim um sargo hoje, pensei. Mas este está um pouco "mole". Quando vi, percebi a "moleza". Um rascasso. Ora, m*rda! Depois de um trabalhão para tirar o anzol daquilo sem lhe tocar... 



Volto à carga. Toque bom, ferragem e boa luta. Este tem de ser um sargo! E foi mesmo. Excelente sargo, com umas 500/600 g. Volta a isca para a água, outro bom sargo, mas um pouco mais pequeno. Isto promete! Bem, foi sol de pouca dura. A actividade desapareceu com o baixar da maré. Do outro lado, via o meu tio lutar com um peixe que não conseguiu tirar - soltou-se do anzol. Quando já me vinha embora, aconteceu algo inédito para mim - como o peixe não comia comecei a tirar a montagem da água mas estava presa. Ups, soltou. Mas que peso é este? Outro polveco? Não. Era aquilo que podem ver na foto abaixo. Serviu para o petisco!

E assim terminou esta aventura de Novembro. O peixe colaborou pouco, mas as condições eram tudo menos boas. Esperemos melhores dias. Ponto positivo: Não levei nenhum chibo para casa!



Fotos e texto: Jorge Ponte

sábado, 16 de novembro de 2013

Como remover uma fateixa espetada (vídeo)

Uma das muitas situações desagradáveis (e perigosas) que podem acontecer na pesca é a de uma fateixa espetada. Aqui fica em vídeo uma das formas de se resolver a situação. 

ATENÇÃO
 Só deve ser feito por quem saiba mesmo o que está a fazer para que não corra mal.