Pescar é enfrentar saudáveis desafios, é fazer amizades, é conhecer novos lugares e abrir novos horizontes. É conviver com a natureza. É ser companheiro.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Pescar de Inverno na Costa de Cascais

A pesca embarcada que se pratica na costa de Cascais de Outubro a Abril, é condicionada pelas condições meteorológicas, principalmente quando estas influenciam a agitação marítima.

Durante a Primavera-Verão a nossa costa fica sobre a influência do fenómeno “upwelling” (ou afloramento costeiro) e no Outono-Inverno o regime de circulação costeira inverte-se, surgindo a Contra-corrente Costeira de Portugal, nitidamente influenciada pela Oscilação do Atlântico Norte (OAN). Esta oscilação corresponde a um fenómeno atmosférico de grande escala, envolvendo uma alternância da intensidade dos valores da pressão atmosférica na região subtropical (centro de altas pressões centrado nos Açores) e na região subpolar (centro de baixas pressões centrado na Islândia). A OAN exerce uma influência forte na variabilidade climática interanual e afecta a intensidade e direcção dos ventos de oeste que sopram no Atlântico Norte. No entanto, todas estas alterações e oscilações climatéricas provocam muitos dias com óptimas condições para a pesca, e não são raros dias de total calmaria.

Em dias com alguma agitação marítima, a pesca nas zonas mais abrigadas na nossa costa revela-se por vezes muito produtiva, porque também o peixe se aproxima da costa para se alimentar.
A pesca que então se pratica não sofre qualquer alteração pois é possível capturar as mesmas espécies que se capturam no Verão. A partir de meados de Outubro, os Sargos (Diplodus sargo) e os Sargos/russadas/safias (Diplodus vulgaris) aproximam-se da costa e é possível fazerem-se belas pescarias em pesqueiros de pouca profundidade, que podem ir dos 10 aos 15 metros. É também nesta altura que os maiores exemplares destas espécies se tornam mais abundantes e muitas vezes com mais apetite, no entanto, em pesqueiros baixos, são por vezes muito matreiras e mal as sentimos quando sorrateiramente nos comem o isco do anzol.

Os iscos que então devemos usar podem ser variados: camarão, lingueirão, mexilhão e amêijoa, podemos ainda pescar com anelídeos: tiagem, casulo, ganso, etc. estes mesmos iscos servem também para outros peixes, como os besugos que por vezes nestes meses e em determinados pesqueiros, fazem autênticos ataques mais parecendo piranhas, as fanecas marcam presença todo o ano, e os safios demonstram um apetite fora do vulgar. A captura destes aumenta por vezes durante os meses de Inverno, principalmente em anos de muita chuva, uma vez que a salinidade dos rios e dos seus estuários diminui o que leva a que estes animais se desloquem mais para o mar, ocupando todas as tocas que estejam disponíveis, quer em zonas mais fundas quer junto da costa. Quanto a pargos e gorazes estão lá todo o ano, pois aparecem nos pesqueiros mais fundos.

De todo o material que necessitamos para pescar no Inverno, um dos mais importantes e que não nos devemos esquecer é o nosso OLEADO, casaco e calças, desta forma ficamos prontos para ir para o mar, o resto é entre o homem e o peixe.


António Lemos

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